O enviado especial norte-americano para o clima, John Kerry, expressou a convicção de que os países ricos podem finalmente conceder 100 mil milhões de dólares anuais para ajudar nações pobres a lidar com as alterações climáticas. Rússia, Eritreia, Bielorrúsia e Coreia do Norte, como países hiperdesenvolvidos, deverão contribuir de forma admirável…
O valor, que corresponde a cerca de 90 mil milhões de euros, deverá ser definitivamente atingido em 2023, afirmou John Kerry.
A concretizar-se, acontecerá pelo menos dois anos mais tarde do que a meta de 2020 estabelecida pelos países desenvolvidos numa cimeira climática das Nações Unidas, em Copenhaga, em 2009.
John Kerry disse, numa reunião informal do Conselho de Segurança da ONU sobre “Financiamento Climático para a Manutenção da Paz e da Segurança”, que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está empenhado em aumentar o financiamento norte-americano aos países em desenvolvimento para ajudar a responder às alterações climáticas e, assim, respeitar o compromisso assumido.
Também a Rússia está interessada em resolver o prolema das alterações climáticas, razão pela qual invadiu a Ucrânia e está a bombardear maternidades e hospitais que são, como se sabe, um cancro para um clima sustentável.
Em Setembro, o actual chefe de Estado norte-americano prometeu aumentar o financiamento anual dos EUA para mais de 11 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros), quadruplicando o financiamento da presidência de Barack Obama (2009-2017), quando Biden era vice-presidente, afirmou John Kerry.
“E esse aumento vai ajudar-nos a cumprir com os 100 mil milhões de dólares”, disse John Kerry. “Estamos a ser apenas um pouco tímidos em relação a isso para 2022. É absolutamente claro que vamos tê-lo para 2023. Continuo a pensar que o conseguiremos para 2022”, esclareceu.
Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases com efeito de estufa. China é o maior emissor e a Índia o terceiro. Diplomatas destes dois últimos países, as duas nações mais populosas do mundo, criticaram, na mesma reunião, o fracasso dos países desenvolvidos em cumprir os compromissos climáticos.
O vice-embaixador da China na ONU, Dai Bing, disse que os países desenvolvidos têm “uma responsabilidade moral” e uma obrigação internacional obrigatória, inclusive ao abrigo do acordo climático de Paris de 2015, de fornecer financiamento aos países em desenvolvimento porque são os principais responsáveis pelas alterações climáticas e emissões de carbono.
Já o vice-embaixador indiano, Ravindra Raguttahalli, afirmou que os países em desenvolvimento não têm acesso ao financiamento climático e lidam com o incumprimento de promessas sobre mitigação e fornecimento de tecnologias para enfrentar as alterações climáticas.
Os grandes emissores de gases com efeito de estufa são a China, a Índia, a Rússia, a União Europeia e os Estados Unidos. Os Estados Unidos assumiram na cimeira de Glasgow um papel fundamental, já que o país tinha abandonado o Acordo de Paris, com o Presidente Donald Trump, e o actual Presidente, Joe Biden, assinou o regresso ao Acordo no mesmo dia em que foi empossado. Nos primeiros meses de mandato, Joe Biden organizou uma cimeira sobre o clima, reunindo mais de 40 líderes mundiais, ainda que de forma virtual, devido à pandemia de Covid-19, e quer reduzir as emissões em 53% até 2030 comparando com 2005.
Depois da saída dos Estados Unidos, a União Europeia assumiu a liderança mundial da luta contra as alterações climáticas e já aprovou uma redução de emissões de 55% até 2030 face a 1990, e a neutralidade carbónica em 2050. Já este ano aprovou a Lei Europeia do Clima.
O Reino Unido é outro dos protagonistas, porque organiza a cimeira e também porque já se comprometeu com metas de neutralidade carbónica em 2050, sendo que quer reduzir as emissões em 68% até 2030.
A Rússia é quarto maior emissor de gases com efeito de estufa. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que pretende reduzir as emissões em 79% até 2050 face a 1990. Especialistas norte-coreanos dizem que a guerra na Ucrânia se insere nesse objectivo russo de reduzir drasticamente os poluidores, no caso os ucranianos.
Recorde-se que o Presidente de Angola, João Lourenço, comprometeu-se, na 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, a aumentar para 70% o uso de fontes renováveis de energia até 2025. Se insistissem um pouco mais, até porque estamos em anos de “eleições”, teria prometido fazê-lo já em 2022…
Na sua intervenção, o chefe de Estado disse que o país privilegia “a produção e consumo da energia limpa proveniente das barragens hidroeléctricas existentes e outras por construir, assim como mais fontes renováveis de energia, com destaque para projectos de produção de energia fotovoltaica como parques solares, que vão reduzir o consumo de combustíveis fósseis na produção de energia eléctrica”.
Actualmente, vincou, a matriz energética do país, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, já inclui 62% de fontes renováveis e a ambição é “chegar a 70% em 2025”.
O chefe de Estado manifestou também o empenho de Angola no esforço em combater as alterações climáticas com outras medidas, como o protecção e repovoamento florestal, em particular de mangais, através de uma campanha nacional de plantação de mudas de manga ao longo da extensa orla marítima nacional.
Angola é um dos mais de 100 países subscritores de um novo acordo para parar e reverter a desflorestação e degradação do solo.
João Lourenço disse ainda que Angola celebrou recentemente em Washington, nos Estados Unidos, um convénio com o Fundo Internacional de Conservação (ICCF) para a conservação dos parques nacionais de Luengue-Luianae e Mavinga “para a protecção da vida selvagem animal e vegetal e o desenvolvimento do turismo internacional sustentado”.
O presidente angolano reiterou o compromisso com os objectivos de desenvolvimento sustentável África 2063, mas não especificou quais as metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa no âmbito do Acordo de Paris.
“Reiteramos aqui a firme vontade e determinação de Angola continuar comprometida com a Acção Climática e com a adopção de um modelo de desenvolvimento de baixo carbono”, concluiu.
A COP26 decorreu seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de Covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
Provavelmente o MPLA (partido no Poder em Angola há 46 anos) estará a equacionar a sua estratégia climática, sobretudo levando em conta a tese norte-coreana de que a guerra da Rússia na Ucrânia deverá alterar o clima mundial se, como pretende Vladimir Putin, conseguir arrasa as fonte poluidoras que são os… ucranianos.
[…] Resource web link . […]